quinta-feira, 7 de junho de 2012

Prestar Atenção!
Despertar! Acordar!
Analisar, Agir!
Cuidar, para não cair!
Cuide daquilo que te mantém
vivo. Sinta!

Um caso sem o acaso.

Em uma manhã comum e fria. Nada de diferente prometia para esse dia.
E na espera de um ônibus para cumprir mais uma rotina. O inesperado já ocorria sem a notável ignorância de quem fecha os olhos da alma para algumas forças vitais que diferem os outros dias.
  A partir dessa introdução começo descrever essa história que vivi.
Embarquei em uma linha de ônibus a qual não estou acostumada a embarcar. Tudo para não chegar atrasada em mais um dia de trabalho. E durante a viagem como de praxe estava a observar e analisar o mundo pela janela. E entre o egoísmo de meu pensar e o decorrer do tempo e espaço, entra uma moça jovem, sendo ajudada por um senhor a subir no ônibus. Apenas olhei para a situação, como se desviasse de minha distração.  E como os demais passageiros estava cega e paralisada ao que acontecia ao meu próximo.
    Foi quando o trocador a minha frente, levantou  para tentar ajudar aquela moça que tanto passava mal. E quando de fato comecei a prestar atenção aquela cena, logo imaginei que não havia ninguém naquele ônibus, pois o esforço que a moça fazia para tentar respirar era tão alto que incomodaria qualquer pessoa que tivesse o mínimo de sensibilidade. E ainda sim com este pensamento, continuava paralisada, apenas observando aquilo tudo que acontecia ao meu redor.
  Quando o ônibus se aproximou de um hospital particular, o trocador desceu e logo tratou de saber se o mesmo, faria os primeiros socorros.( Eu ainda era a observadora) Levantei para ajudar a moça, enquanto o trocador estava dentro do hospital, notei que o ônibus estava cheio. E enquanto olhava as pessoas, havia um homem que apenas perguntava ao motorista se ele conseguiria pegar um outro ônibus. E quando o trocador ( Prestativo e humano.)voltou do hospital, perguntou se alguém poderia  ficar como acompanhante da moça, até um responsável chegar, e os passageiros se mantinham em silêncio.
  E foi quando acordei daquela cegueira e me prontifiquei a ser acompanhante da moça. Quando chegamos aos consultório emergencial deparei-me com dois profissionais ao qual a função é salvar vidas, extremamente arrogantes e impacientes. O que eles transpassaram foi que pelo fato daquela moça não ter um plano de saúde e supostamente não ter como pagar a consulta, ela não era digna de ser bem atendida.
  E assistindo e participando daquilo tudo e não sabendo muito o que fazer, tive que aguarda-la na recepção. E alguns minutos depois ela surge lá fora, recusando atendimento. E após tentar acalma-la, a mesma sem conseguir falar me mostrou uma petição judicial, que descrevia uma suposta ameaça de morte e roubo de seus três filhos. Ao ler aquele documento e a tentativa de entender a mímica. Descobri e me comovi com o desespero de Anna. Percebi que ela não queria atendimento médico, apenas ir para casa, após acabara de ter tido coragem de fazer aquela denúncia, e seus gestos e desespero era apenas uma forma de demonstrar medo e desabafo ao que passava consigo. Liguei logo para um amigo do trabalho, avisando que me encontrava no hospital. E ele logo chegou, e ao me ver com Anna, não entendeu muita coisa. E no caminho fui explicando o ocorrido e pedi que a levasse para casa.
    E após isso tudo tive que criar uma história para o meu chefe, pois se contasse de fato o motivo de meu atraso, não compreenderia. Pois como as demais pessoas que se encontravam naquele ônibus ele também vive cego.
E foi esse fato que desde do momento que acordei já estava predestinado a acontecer, que me despertou para eu entender que basta uma distração para se tornar cego como todos os outros. E durante o meu dia de trabalho, Anna me enviou mensagens de texto dizendo que estava melhor e me agradecendo. Mas na verdade Anna não sabe o quanto me fez sentir viva e, enxergar de verdade a vida. E peço a Deus que cuide e proteja aquela moça tão frágil e só.